Segunda parte da entrevista ao Dr. Rogério Leão (especialista em Medicina de reprodução) sobre infertilidade masculina.
Segunda parte da Entrevista ao Dr. Rogério Leão, médico especilista em Medicina de Reprodução, Ginecologia e Obstetrícia no IPGO - Centro de Reprodução Humana.
FG: E que outras causas de infertilidade masculina existem? Pode falar um pouco sobre cada uma delas (em que consistem, como se faz o diagnóstico, qual o tratamento)?
DRL: Podemos considerar 3 tipos de causa:
Causa pré-testicular:
São provocadas por alterações externas ao sistema reprodutor masculino e não diretamente nele. São, por exemplo, outras glândulas do organismo que não funcionam bem, provocam alterações hormonais e interferem no funcionamento do testículo como, por exemplo, o hipotiroidismo, diabetes, androgênios, alguns tumores como o de hipófise, os adenomas, prolactinomas, doenças sistêmicas do fígado, rins, e problemas congênitos como as síndromes de KALLMANN e PRADER WILLIE. Existem ainda drogas e medicamentos que também interferem na produção dos espermatozoides.
Causa Testicular
São doenças do testículo propriamente ditas: Inclui a varicocele, substâncias tóxicas,criptorquidismio (testículos fora da bolsa), infecções (como caxumba) e problemas genéticos.
Causa Pós-testicular
São causas obstrutivas que impedem a saída de espermatozoides na ejaculação. São as obstruções ou a influência do canal deferente (ducto que transporta os espermatozóides do testículo para o exterior), problemas de ejaculação, disfunção sexual e ejaculação retrógrada.
Causas Desconhecidas:
Representam 25% das causas de infertilidade masculina.
FG: É verdade que se podem desenvolver problemas que levam à infertilidade mesmo após ter tido filhos (infertilidade secundária)? Pode falar-nos um pouco sobre este assunto?
DRL: Sim! As causas de infertilidade citada podem surgir a qualquer momento da vida. Além disso, alguns problemas como varicocele, ou até alguns problemas genéticos, podem levar uma piora progressiva na qualidade do espermatozoide.
FG: Quais são os principais exames de diagnóstico para saber se o homem tem ou não problemas de fertilidade?
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DRL: O principal exame na investigação da fertilidade masculina é o espermograma. Nele, são avaliados diversos parâmetros, incluindo concentração, motilidade, forma e vitalidade dos espermatozoides. Embora seja um exame fundamental para nortear os tratamentos de infertilidade, em alguns casos, sua normalidade pode ser insuficiente para concluir a saúde reprodutiva total do homem. A pesquisa da fragmentação do DNA do espermatozoide complementa esta avaliação. Estudos demonstram que uma fragmentação aumentada está relacionada a uma maior taxa de insucesso dos tratamentos de reprodução, além de uma maior taxa de aborto.
Além disso, quando alterado, pode-se partir para novas investigações genéticas, hormonais e com exames de imagem para tentar descobri qual é o problema. Em alguns casos pode ser necessária uma biópsia do testículo ou do epididimo (órgão próximo ao testículo que armazena os espermatozoides).
FG: Os medicamentos podem interferir com a produção de espermatozoides saudáveis? Como se pode saber se a medicação interfere ou não?
DRL: Existem medicamentos que podem interferir na fertilidade masculina. Entre eles: espironolactona, um diurético de fraca potência; bloqueadores de cálcio (Nifedipina), para a hipertensão arterial; a colchicina, alopurinol para o tratamento da gota; cimetidina e ranitidina, para o tratamento de gastrite e úlceras; cetoconazol para o tratamento de micoses; antibióticos a base de nitrofurantoina, ertitromicina, sulfadiazina, tetraciclina e gentamicina (alteram a fertilidade apenas em experimentos in vitro); alguns redutores do colesterol e agentes psicoterápicos à base de tricíclicos, fenotiazida e antipsicóticos, entre outros.
FG: É verdade que mesmo com um espermograma normal, podem existir defeitos no DNA do espermatozoide que impedem que ocorra a fecundação ou que geram abortos de repetição? Porque é que isso acontece?
Dr. Rogério Leão |
DRL: Sim. Embora o espermograma seja um exame fundamental para nortear os tratamentos de infertilidade, em alguns casos, sua normalidade pode ser insuficiente para concluir a saúde reprodutiva total do homem. A pesquisa da fragmentação do DNA do espermatozoide complementa esta avaliação. Estudos demonstram que uma fragmentação aumentada está relacionada a uma maior taxa de insucesso dos tratamentos de reprodução, além de uma maior taxa de aborto. A fragmentação do DNA do espermatozoide resulta de fatores que agridam diretamente o DNA do espermatozoide. Entra as causas estão dieta inadequada, fumo, poluição, uso de drogas, álcool, exposição prolongada a altas temperaturas ou mesmo febres altas. A exposição a estes fatores pode ser transitória, podendo haver uma melhora da fragmentação do DNA com o decorrer do tempo. Além destas causas, a idade do homem é um fator importante e não transitório de dano ao DNA do espermatozoide.
Quando se verifica que este é o caso, o indivíduo pode beneficiar de um tratamento com antioxidantes (como ácido fólico e vitaminas C e E) antes de se submeter a um tratamento de reprodução assistida. Em alguns casos, pode ser inidicado fazer uma biópsia testicular (em que se recolhe o espermatozoide diretamente do testículo, onde têm um menor índice de fragmentação).
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