Segunda parte da entrevista ao conceituado Ginecologista Dr. Marcelo Burlá sobre o tema Síndrome de Ovários Policísticos (SOP). Vai retirar as suas dúvidas.
Esta é a segunda parte da Entrevista ao Conceituado Ginecologista Dr. Marcelo Burlá sobre Síndrome de Ovários Policísticos (SOP).
FICARGRAVIDA.COM (FG): Quando se toma um indutor, é normal existir um atraso da menstruação nos primeiros ciclos pós a introdução do medicamento?
MARCELO BURLÁ (MB): Não se pode afirmar que isso é uma regra. Cada mulher reage de uma maneira distinta.
FG: Acredita que existe um excesso no recurso aos indutores de ovulação hoje em dia?
MB: Algumas vezes a ansiedade do casal faz com que algumas etapas sejam puladas.
FG: Existe algum tipo de limite quanto ao tempo que uma mulher deve tentar engravidar sob o efeito de indutores de ovulação?
MB: Não há uma regra, porém, se usamos um esquema durante três ou quatro meses sem sucesso, é improvável que ele venha a apresentar bons resultados.
FG: E quando os indutores não funcionam, que outros recursos existem para ajudar uma mulher com SOP a engravidar?
MB: Em alguns casos pode-se recorrer inclusive a fertilização invitro ou a ovodoação.
FG: Porque é que há uma maior taxa de aborto em mulheres com diagnóstico de SOP? O que pode ser feito para combater este problema?
MB: Isto pode ocorrer devido a presença de patologias adjuvantes como a hipertensão e diabetes.
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FG: Li que uma mulher com diagnóstico de SOP pode ter alguma dificuldade em produzir progesterona (que mantêm a gravidez na fase inicial). Por isso, deve tomar uma suplementação de progesterona nos primeiros três meses de gravidez para não aumentar as hipóteses de aborto (em comparação com outras mulheres que não sofrem desta condição). É verdade?
MB: Alguns estudos indicam um aumento no LH (hormônio luteinizante). É comum que mulheres que tenham tido dificuldade para engravidar façam uso de progesterona como um suporte hormonal. Não há uma relação especifica com a presença de SOP.
FG: Que conselhos daria a uma mulher com SOP?
MB: Independentemente do desejo de engravidar é importante que estas mulheres busquem acompanhamento para melhorar a saúde de forma global. Diminuir o excesso de peso, acompanhar glicemia e niveis tensionais. No momento de engravidar é importante que a saúde esteja compensada.
FG: Quer acrescentar algo sobre este tema que considere importante e não tenha sido focado na entrevista?
MB: A síndrome dos ovarios policísticos hoje é encarada como uma síndrome metabólica. Hoje na UERJ, mais especificamente no serviço dos Professores Wille Oigman e Mario Fritsch estão sendo realizados estudos com métodos diagnósticos modernos, como Tonometria de aplanação e velocidade de onda de pulso, que buscam identificar precocemente quais as mulheres com ovários policísticos apresentam um risco mais elevado de ocorrência de doenças cardiovasculares e tratá-las precocemente.